quarta-feira, abril 13, 2005

And don't be surprised if I love you for all that you are... I couldn't help it, it's all your fault!

Se eu tenho alguma coisa boa, com certeza é a minha memória... lembro de muitas coisas e com muitos detalhes... claro que às vezes esqueço o que eu comi no almoço, mas isso, segundo interpretações da minha psicóloga e mãe, é porque meu cérebro está lotado de tralhas, lembranças que eu não só poderia como deveria esquecer (tipo, a música da campanha da monarquia, no plebiscito...).

Mas algumas imagens, alguns acontecimentos, eu jamais vou esquecer... nem um detalhe sequer... por exemplo o sábado, dia 13 de abril de 1997. O primeiro dia do resto da minha vida, com certeza!

Eu já tinha combinado de me encontrar com o Xinho, depois de quase três meses (isso mesmo, três meses!) de papos diários no telefone e trocas de e-mails... na época não tinha icq, msn, orkut, internet banda larga... meu e-mail era originet, depois ibm... o chat da uol tinha umas 10 salas no total, divididas por idade... na minha casa só tinha UM computador (isso é o mais absurdo...). Resumindo: não trocamos fotos ou vídeos, apenas idéias... e foi o suficiente...

Toda a minha família já estava envolvida na história! Meu pai dizia para todo mundo: "minha filha tem uma coleção de tartarugas! Um monte no quarto e uma no telefone!". Ele já era o meu namorado, antes mesmo da gente se encontrar... no próprio dia 13, teve um almoço na casa da minha madrinha para comemorar o aniversário dela e rolou até dinheiro!! Meu tio apostava que ele era paralítico... ou um serial killer (não sei o que era pior para ele...). Minha vó apoiava, mas me fez garantir que eu não daria nenhum cheque para ele (boato de um novo golpe que circulava pela TV, porque na época não tinha corrente de e-mails). Minha mãe defendia com unhas e dentes: assassino? Que mora na Lapa, faz direito e trabalha em um escritório de contabilidade?? Definitivamente ele não tinha o perfil psicológico de um psicótico...

Eu não ligava a mínima... estava apaixonada, nervosa, ansiosa, apavorada... morria de medo de ele me olhar e me achar a baranga do século... e fui. Coloquei minha calça jeans, camisetinha preta da Hering, botinha da Timberland (mais sinais de mudança dos tempos: eu só tinha essa botinha. E um tênis... hoje meus sapatos estão invadindo a prateleira do Xinho! Creio que ele não curtiu a metamorfose...). Local combinado: Shopping Eldorado, banquinho em frente à Saraiva. Cheguei 1 hora antes para não arriscar de chegar depois dele...

Passei numa loja e comprei o CD Quanta, do Gil... queria ter alguma coisa para ler para disfarçar aquela cara de estou-esperando-alguém-mas-não-sei-como-ele-é-será-você?-será-você? Abri o encarte e fiquei olhando a mesma linha por mais de uma hora... de repente ouço uma voz muito familiar atrás de mim:

X - "Que horas são?"
P - "quatro e meia..."
X - "é que eu estou esperando uma pessoa e estou atrasado, mas acho que ela não vai aparecer..."
P - blá blá blá (charminhos mil, fingindo que eu não sabia quem era)
X - blá blá blá (charminhos mil, fingindo que não sabia quem eu era)
P - silêncio
X - silêncio
P - er... er...
X - er... er...
(isso é para ilustrar que a situação foi só um pouquinho constrangedora...)
P - "vamos no cinema?" (já tínhamos combinado de ver Ferocidade Máxima)
X - "vamos!" (traduzindo: ufa, não temos mais que caçar assuntos...)

Ele estava de calça jeans, camiseta polo branca e tênis preto (ele também só tinha esse tênis e um sapato. Hoje ele melhorou: continua tendo um tênis mas dois sapatos! Progressos que eu gosto de pensar que foram por minha causa...)

No cinema, os dois sentados, olhando para a tela, sem prestar a mínima atenção no filme... no balãozinho sobre a minha cabeça (o balãozinho de pensamento, não de fala, aquele que parece uma nuvem...) a frase: o que eu tenho que fazer para ele me beijar?? Aí foi: cabecinha no ombro, cafuné, mão na mão, olho no olho....... boca na boca!! Detalhe: apertei o Fast Forward, porque tudo isso foi um processo um tanto quanto lento...

Voltamos para nossas respectivas casas (Papi foi me buscar, porque eu sou elite wannabe... ele foi de busão, o transporte do mundo real). Ele me ligou assim que chegou, e ficamos horas conversando, sem silêncios, sem er... er... mas sabendo que queríamos mais do que conversar dali para frente...

E foram oito anos de muito bate papo (pessoalmente, por telefone, por e-mail, msn, icq, orkut, skype e recentemente telepatia), muito boca na boca, muitas outras coisas boas que eu não posso revelar pois meu pai lê este blog, e muita, mas muuuuuita felicidade!

E, ufa, ele não era um serial killer! Nem paralítico! Mas cheque eu ainda não tive coragem de dar... melhor não arriscar, né?

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