terça-feira, julho 31, 2007

É o projeto da casa, é o corpo na cama...

Essa semana começou com uma sensação de liberdade enorme. Tive uma segunda feira de colocar ordem na casa prá valer, desde arrumar minha mesa no escritório, a preparar o cardápio de almoços e jantares para a semana. Colocar bate papos em dia, ler as notícias úteis e principalmente as inúteis com bastante calma. Ficar na loucura com aquelas crianças teve muitos lados positivos, e um deles com certeza foi valorizar meu tempo adulto e organizado. Poder dividir meus dias entre trabalho, lazer e detalhinhos domésticos, com tranquilidade.

Ao mesmo tempo, no final do dia eu já estava com aquela dorzinha nas costas e no pescoço que me aparece sempre que passo o dia todo na frente do computador... ou quando durmo demais... ter tempo para fazer tudo me dá dor nas costas. E quando ela aparece, vem junto a dor na consciência: se tenho tempo, vou pelo menos fazer algum exercício... se tenho tempo, vou tirar todas as coisas do lugar e reorganizá-las... se tenho tempo, vou cozinhar um super jantar elaborado e não deixar nenhuma louça pendente....

E o meu preferido: se tenho tempo, vou começar algum projeto.

A verdade é que ultimamente a palavra projeto vem me dando alergia. Falei isso ontem para uma pessoa que me perguntou: "e aí, algum projeto em mente?". A irritação começa imediatamente. Irritação alérgica à simples menção de que eu devia estar fazendo alguma coisa que as pessoas decidiram chamar de projeto, algo que é tão valorizado mas no fundo significa tão pouco.

Então, em resposta, vou dizer onde está a minha mente:

- Pensando e sonhando acordada com o amor da minha vida, e os momentos em que passamos abraçadinhos embaixo do edredon nesse frio congelante de fim de julho.

- No livro que eu terminei de ler, "Brooklin Follies", do Paul Auster, com certeza o melhor que eu li nesse ano, e talvez nos últimos anos.

- Focada em manter e ainda melhorar meu novo corpo, quase 9 quilos mais magro.

- Na viagem que faremos no final do ano.

- Fantasiando com o bebêzinho que espero trazer ao mundo no ano que vem.

- Elaborando textos e mais textos porque escrever já está virando mais necessidade do que vontade.

- Farejando como, no meio de tudo isso, vou conseguindo ganhar dinheirinhos freelancers, porque toda essa lista vem com um custo.

Tá bom assim prá projeto, todo mundo?

quarta-feira, julho 25, 2007

Eu não sei o que é que eu fiz, eu só sei que meu nariz funga funga...

Eu sei, eu sei... tou sumida... e sei que todos já sabem porque, não vou perder tempo com explicações! Continuo passando por poucas e boas com as "minhas" crianças, continuo chegando em casa absolutamente exausta e acabada demais para sentar no computador... o que mudou é que esta é a última semana! Só mais dois dias, quatro horas e trinta minutos para acabar (mas quem tá contando?)

Neste momento estou na sala de computadores do prédio deles, sentada no computador do meio, o moleque jogando de um lado, a menina jogando do outro (cada um no seu computador, claro). Estamos fazendo hora antes de ir ao cinema. Eles começaram fazendo barulhos com a boca (cada um um barulho diferente, claro). Um mais irritante do que o outro. Agora passaram para a gritaria gratuita.

Adicione a esse momento as preliminares: eu, ultra gripada, com dor de cabeça, de garganta, de ouvido, de corpo... no primeiro dia "daqueles dias" do mês, com cólica. Acordei 6h30 da manhã depois de uma noite de binômio nariz tapado/Afrim.

Vou sentir falta deles? Sim! Gostaria que eles ficassem mais um pouco? NOT!

sexta-feira, julho 13, 2007

Eu vi meu pijama lavado... eu vi minha cama arrumada...

Para tudo que eu quero descer!

Essa semana os pais das crianças pediram se eu podia ficar com elas uma noite para eles saírem para jantar... topei, claro, fazer o que. Fiquei com elas das 10 da manhã às 11 da noite... 13 horas de pura manha!

Depois de conseguir, de formas totalmente criativas, fazer o moleque colocar o pijama e escovar os dentes, ele diz que precisa ir no banheiro... falei prá ele ir e fiquei conversando coisas de menina com a menina. No meio do papo, eu começo a ouvir, bem baixinho... "I'm done!" (traduzindo: o bom e velho "Terminei!!").

Na primeira eu ignorei... na segunda, um pouco mais alta, fingi que não era comigo... na terceira, já aos berros, a menina decide me ajudar: "Miss Patty, ele tá te chamando prá vc limpar".

QUE????

Fiz cara de quem achou a coisa mais simples do mundo e já fui eu... nem deu tempo de colocar avental, luva de borracha e máscara. Foi na raça mesmo. Confesso que senti uma pontinha de poesia na forma como o moleque ficou feliz em me ver entrando no banheiro, e levantou a mini bundinha para me ajudar. E confesso também que não foi tão ruim assim. Mas...

que eu não tou sendo paga prá isso, aaaaah não tou!!!

terça-feira, julho 10, 2007

Sentir-se bem!

Imagens do meu feriado no Guarú valem mais do que mil palavras... imaginem aqueles balõezinhos sobre a cabeça das pessoas ao lerem a legenda...

"Só vou beber uma caipirinha... ups! Me enganei! Em dez minutos precisarei de glicose na veia!"


"A cor dessa cidade sou eeeeeu!"


"limpeza de pele???"


"Turuturutu turuturutu darará!"


"Esse desodorante não está vencido... ups, me enganei!"


"Esse post Mickey-mou o filme ho-ho-ho"

quarta-feira, julho 04, 2007

Nós vamo invadir sua praia!

Capítulo 3 - O Aquário Municipal de Santos.
Os dois queriam porque queriam ir a algum aquário, e alguém (que devia estar de piada comigo) sugeriu o de Santos. A mãe/chefa perguntou se eu poderia ir dirigindo ou se precisava de um motorista. Eu (e até agora não consegui entender porque) disse que iria dirigindo numa boa. Nessas horas eu mesma tenho vontade de me esganar...

Levei os dois até o carro, que estava lindinho, recém saído do lava rápido. A menina logo perguntou: "Miss Patricia, cadê o cinto de segurança?". Pode parecer pergunta besta de criança, mas não era. O cinto, lógico, estava enfiado em algum lugar atrás daquele banco, totalmente zero km, afinal, quem diabos coloca cinto no banco de trás??

Desço do carro, abro a porta, tiro as crianças. Abaixo o banco e acho o cinto! "Ok, kids, podem entrar!". Coloco as crianças de volta.
"Miss Patricia, onde está a fivela??"

Desço do carro, abro a porta, tiro as crianças. Levanto o assento e acho a fivela, totalmente escondida. "Prontinho, kids! Vamo que vamo!". Coloco as crianças de volta.
"Miss Patricia, o cinto sumiu de novo!" (claro que quando levantei o acento, prendi de novo o cinto no banco).

Desço do carro, abro a porta, tiro as crianças. Seguro o cinto com uma mão, a fivela com a outra, abaixo o banco e coloco o assento no lugar com a outra (sim, estou começando a descobrir que quem leva crianças para passear tem três mãos... no mínimo!).

Já comecei a viagem esbaforida! Mas, tudo bem... liguei uma musiquinha, mandei os dois ligarem os video-games portáteis e rumo à imigrantes! Ainda na avenida dos Bandeirantes, o menino pergunta: "are we there yet??" (traduzindo: tamu chegando??). Já sabia que a viagem seria longa.

Depois de 187 "are we there yet"s, chegamos em Santos. Passamos no MacDonald's prá comer (tive que trocar o brinquedinho do Mac Lanche Feliz só uma vez!! Milagre!) e fomos no Aquário. No caminho, as crianças viram a praia! E piraram na batatinha! Depois da visão da praia, o aquário perdeu totalmente o apelo, e eles só pensavam na hora de pisar na areia! Fizemos o trajeto dos peixinhos em 15 minutos e lá fui eu com eles para a atração principal.

Um parênteses... quando você leva duas crianças na praia, é de bom tom ter a seguinte bagagem:
- maiô, sunga ou qualquer roupa de banho
- toalha
- muito protetor solar
- chinelo
- bóia para os pequenos
- brinquedos de areia
- muito dinheiro para sorvete e milho
- roupa prá trocar
- sacolinha para as conchinhas que eles com certeza vão catar
- cadeira para que você não sente nas nem sempre tão limpas areias de Santos
- doses de paciência.

Eu só tinha o último ítem. E mesmo assim, um pouco em falta. Nessas horas, é improviso: como não tinham swim suits e nem bóia, só podiam molhar o pé na água. Como não tinham brinquedos de areia, usavam gravetinhos e, claro, as mãos para fazer castelos. Como não tinham sacolinha, guardaram as conchinhas dentro do tênis. Como não tínha muito dinheiro, comeram duas maçãs que eu (como uma ótima Nanny que sou) levei de casa!

Como eu não tinha cadeira, fiquei de pé, com três pares de tênis e suas respectivas meias nas mãos, sendo que dois deles lotados de conchinhas. Na terceira mão (já falei sobre isso...) a máquina fotográfica, afinal, nem eu consegui resistir à carinha de total deleite e felicidade daqueles dois pulando as ondinhas.

Eu segurava as coisas, olhava para a menina com os pés na água, olhava para o menino brincando na areia, olhava para as pessoas que passavam, pensava na mãe de noite enchendo aquelas crianças de Caladril e me perguntando como eu pude esquecer o filtro solar. Olhava para a menina de novo, olhava para o menino de novo. Tava parecendo uma louca, completamente tensa. As doses de paciência foram diminuindo, até que chegou a hora de voltar para casa.

Lavamos o pé, colocamos os tênis, voltamos para o carro. Antes de seguir viagem, compramos lanchinho. A volta foi uma delícia: fim de tarde, barulhinho de video-game, cróc cróc de salgadinho e os dois rindo à toa.

Quando voltei prá casa e olhei para o banco de trás (do meu carro - lembram? - recém lavado), o susto: o banco absolutamente imundo, inteirinho lotado de areia e sacos de Cheetos. Achei que ia surtar, mas foi exatamente o contrário... achei a coisa mais bonitinha do mundo! Areia e sacos de salgadinho são a cara de dias felizes na infância... fui dormir acabada mas feliz.

terça-feira, julho 03, 2007

E é por isso que eu prefiro as cabrita...

Capítulo 2 - Levei os dois no Simba Safari. Eles já tinham ido com a mãe no final de semana, mas claro, queriam ir de novo. Porque criança só cansa de algo depois da 36a vez. Eu já sabia. Mas tinha esquecido.
Chegamos lá e pegamos uma das vans do parque para nos levar no trajeto. Compramos ração E amendoim, porque só um dos dois não dá. Primeiro bicho do trajeto: Ema. O motorista disse que as Emas comem a comida direto da caixinha, mas para segurar com toda força porque ela pode derrubar. A menina prefere não arriscar... o menino quer tentar. Eu digo:
- Tem que segurar bem firme... deixa eu segurar prá você!
- Não! Eu sei como segura!
- Tudo bem, mas a Ema é forte... deixa pelo menos eu te ajudar...
- NÃO!! Eu já vim aqui e sei como faz!
- Assim ela vai derrub...
Nem completei a frase, a Ema derrubou a caixinha do moleque no chão em uma bicada...
- BUÁÁÁÁÁÁÁ! (choro de criança em inglês é tão desagradável quanto em português).

Resumindo: ele chorou e fez bico até o final do passeio... a menina dividiu a ração dela com ele, não adiantou. Ele tinha um saco inteiro de amendoim, não adiantou. Eu dizia:
- Olha, o macaco!
- Não quero olhar!

- Olha o pavão!
- Eu não vi!

Eu ignorava e só dava de ombros... não quer ver? Ok!

Passamos pelos bichos e pelo menos a menina estava se divertindo... o que ninguém me avisou (e eu deduzi), é que tinham dois tours... o livre para todas as idades e o Rated R para maiores de 18 anos. Por algum erro do motorista, fomos no segundo...

Chegamos no camelo, e o camelo é o bicho preferido da menina. Aliás, compramos amendoim só para o camelo, porque, segundo ela, é o que ele mais gosta de comer. Tinham dois camelos que estavam deitados tomando sol. O motorista parou e começamos... "Oh, Camel... camel...", chamando prá comer na nossa mão. Um deles se levantou mas nem quis saber da gente... foi andando e crau! Montou na (agora sabemos que era) camela que estava deitada já na posição "cachorrinho". E crau, crau e mais crau. Eu fiquei bem quietinha, assim como o motorista e a mãe que estava com o filho no banco da frente. A menina nem ligou! Continuou chamando os bichinhos como se nada tivesse acontecendo... ah, a inocência... o bom é perceber que aquela história de amendoim afrodisíaco só pode ser verdade!

Seguimos viagem e chegamos no leão. Era um leão para umas 5 leoas, todos deitados tomando sol. Já me deu uma sensação de déja vu mas achei que era paranóia. Afinal, leão não come amendoim. Come carne. E a leoa. Ele levantou assim que a gente parou o carro, foi atrás de uma das leoas, que também estava na posição "cachorrinho" (sinto uma preferência no mundo aninal!) e crau crau crau. Desta vez nem ficamos para ver o show. O motorista rapidamente acelerou e ainda comentou com um dos guardinhas: "os bicho (sic) tão animado (sic) hoje, hein?". Eu mereço!!!

Amanhã conto mais...

segunda-feira, julho 02, 2007

A hora do almoço

Pronto! Um intervalo na correria... tenho essa semaninha de folga para dar uma organizada nas minhas desorganizadas coisas! É impressionante como a gente precisa perder determinados prazeres, mesmo que seja temporariamente, para dar valor a eles... coisas básicas mesmo, tipo conversar com adultos durante o dia... explicar com facilidade o que você quer na sua própria língua... sair para almoçar ou almoçar em casa... escrever no blog... entre muitas outras coisas!

Então vamos a uma retrospectiva da minha experiência de Nanny. Uma listinha (faz tempo que não coloco listinhas por aqui) dos Melhores (e algumas vezes piores...) Momentos da Última Semana e Meia. Mas como ela é grande, colocarei em capítulos diários... assim ninguém desiste de ler:

Capítulo 1 - Emagreci 1kg e 100g na semana! Uma ótima notícia! Motivo: eu simplesmente não consigo almoçar! Teoricamente eu almoço com as crianças (às 11h30, claro). E tem uma empregada que faz a comida para a gente. Sentamos na mesa, eu sirvo os dois... antes de conseguir me servir eu fico tentando convencer o moleque a comer! Uso todas as frases de incentivo já criadas pela humanidade: "tenho certeza que você vai adorar!!" ou "se você der uma mordida e não gostar meeesmo, não precisa comer!" ou "se você comer tudo, pode comer sorvete de sobremesa..." ou "se não comer vou ficar de mau". Convencer criança americana a comer é triste. Não sei se as frases traduzidas para o inglês tem o mesmo efeito! Tipo "olha o aviãoziiiiinhooooo"... perde todo o impacto quando vira "look at the plaaaane". E se fosse um adulto, seria mais fácil... tenho certeza que tanto um adulto americano quanto um brasileiro se convenceriam com algo tipo "come tudo que eu mostro a cor da minha calcinha".

Mas, voltando... quando eu consigo convencer o moleque a comer um pouquinho, eu me sirvo. Antes mesmo de colocar a comida no meu prato, os dois já terminaram e pedem sobremesa. Sirvo a sobremesa, e eles comem tudo (claro!) antes que eu dê minha segunda garfada. E assim que terminam o almoço eles incorporam uma personalidade hiperativa, tipo Popeye depois do espinafre, e querem fazer qualquer coisa que envolva movimento, tipo pular no sofá, correr ao redor da mesa ou sair no tapa. Então eu levanto, aparto qualquer Vale-Tudo que estiver acontecendo ali, e proponho uma atividade um pouco menos violenta. Ou seja, meu almoço são duas garfadas. E haja estômago roncando a tarde inteira!